

Victor Meirelles (1832-1903)





Gravura feito com bico de pena extraído do livro Florianópolis de Ontem, Domingos Fossari (1914-1987), pintor, desenhista, aquarelista, caricaturista...
"No Brasil só há um grande pintor: o sol...
- Não, senhor. Já tivemos um grande pintor em carne e osso...
- Pedro Américo, Vitor Meirelles, Almeida Júnior? Mas nenhum deles foi uma personalidade nova no mundo das artes plásticas. Américo era um clássico retardado, Meireles um técnico deficiente e Almeida Júnior circunscreveu a sua visão a um localismo estreito demais.
- Nenhum destes.... O Brasil já suscitou, já produziu, indiretamente que fosse, um verdadeiro inovador da pintura universal, um colorista às direitas, um explorador de motivos inéditos em matéria de ambiência, um desses criadores que não deixam a arte após si como a encontraram antes de si.
- O nome desssa miraculosa criatura?
- Essa miraculosa criatura chamou-se Manet. Sim, sem exagero. Édouard Manet é o maior e o mais brasileiro dentre os artistas brasileiros. Foi ele que, descobrindo a nossa luz, descobriu o impressionismo, fecundando Monet, Renoir, Sirley e o próprio Gauguin, que, em Taiti, viu menos do que ele aqui no Rio. O Rio foi a revelação suprema para o realismo, o sensacionalismo que, mais tarde, poria uma preta junto a uma branca, na célebre tela de Olímpia; foi-lhe como a Flórida para Chateaubriand, e aquela preta é tão significativa, na arte da palheta, quanto a criação de Atala na arte do tinteiro. Porque o nosso sol livrou Manet de aderir à catarata estética dos admiradores de clássicas do Louvre, e o compeliu aos jogos de luz e sombra, à pululação de nuanças, ao esplendor cegante das cores que dançam ao ar livre..."
- Mas como diabo esse parisiense, de família parisiense, conseguiu ser, segundo dizes, o Colombo ou o Cabral da nossa pintura?" (Autor: 1947)
Celebrando Edouard Manet – 1832-1883.
MANET – BRASIL
Os mortos, não raro, mais vivos que os vivos...
“A 4 de fevereiro de 1849, após dois meses de navegação, passada a”linha” e recebido o “batismo” por parte dos tripulantes mais velhos, entra Manet em nossa baía, ladeando a fortaleza de Santa Cruz.”
[...]
“A 19 de abril de 1849, o “Havre et Guadaloupe” deixa o nosso ancoradouro, ainda, e sempre sob o pavilhão tricolor, branco, azul e vermelho. Mas o caso é que, desta ou daquela forma, o nosso verde e o nosso amarelo deixariam um selo inapagável na memória visual de Manet, um selo que iria chamar-se impressionismo e, renovando a pintura, suscitaria a verdadeira arte moderna.” (Autor: 1947.)

Dicionário. Autor: 1958.
Une jeune famme au perroquet / Jovem senhora em 1866
Édouard Manet
1866
“Estudiosos recentes a interpretaram como uma alegoria dos cinco sentidos: o ramalhete (olfato), a laranja (paladar), o papagaio-confidente (audição) e o monóculo masculino que ela dedilha (visão e tato).” (Tradução livre. Disponível em: https://www.metmuseum.org/essays/edouard-manet-1832-1883)